quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O Noivo

Noivo de minha solidão espreito a um outro dia

Querendo ser mais do que ser, quero agonizar no gozo

O gozo da fortuna, do acaso, daquilo que ainda não é

Do que sou.


Gosto de ter entre os dedos a mais impura das águas

Aquela que desce dos céus de uma selva irrazoável, humana

Toda cidade me traz ao peito a angustia de minha solidão possível

Da minha companhia maculada, da TV que não assisto

Do que poderia ser aquele que não sou.


Quero saber da minha alma que anda perdida em meio às saias

Saias que pertencem às namoradas que não tive

E não tive por que não quis, nosso tempo foi adiado

Adiado pela comoção de uma poesia vadia, sem rumo


Vago em desvarios, como se não fosse pra ser

Mas é, e por ser já merece as reverências

Todas prestadas por quem não conhece o que conheço

Pelo que há de vário em ser

E pelo que há de absoluto em não ser.



Victor Azevedo

Nenhum comentário: