terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Entificação




















O que queres meu filho

Está tudo aí!

Transforma-te no que tu és

Hoje és todas as coisas,

Mas está tudo em ti

Não precisa ser as coisas

E o que são as coisas?

Sem ser o que és não há coisas,

Nunca há.

Sirva-se de mim e de você

Não das coisas

Não és uma delas

Tome-me em teus braços

Quem precisa dessa parafernalha,

Quem precisa das coisas?

Essas tuas forcas, falsas forças

Não são teu ser e nem o meu.

Victor Azevedo

Para Baudelaire


O rebelde não precisa de anjo que lhe force a amar o pobre, o aleijado, o leproso, pois ele já o faz naturalmente quando dirige seu olhar àqueles que se assemelham a ele. O rebelde é o aleijão desse mundo. Todos os outros são ímpios.


Victor Azevedo

Pensamento Metafísico

Hoje sou dono da minha própria metafísica!

Mas e se não houver deus?

Vou ter que me candidatar...



Victor Azevedo

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Imagem do mês de Dezembro de 2008


Van-Gogh : " Wild Flowers and Thistles in a Vase"

Poema do mês de dezembro de 2008 (Um poema de Antonin Artaud)






"Quem sou eu?
De onde venho?
Sou Antonin Artaud
e basta que eu o diga
Como só eu o sei dizer
e imediatamente
hão de ver meu corpo
atual,
voar em pedaços
e se juntar
sob dez mil aspectos
diversos.
Um novo corpo
no qual nunca mais
poderão esquecer.

Eu, Antonin Artaud, sou meu filho,
meu pai,
minha mãe,
e eu mesmo.
Eu represento Antonin Artaud!
Estou sempre morto.

Mas um vivo morto,
Um morto vivo.
Sou um morto
Sempre vivo.
A tragédia em cena já não me basta.
Quero transportá-la para minha vida.

Eu represento totalmente a minha vida.

Onde as pessoas procuram criar obras
de arte, eu pretendo mostrar o meu
espírito.
Não concebo uma obra de arte
dissociada da vida.

Eu, o senhor Antonin Artaud,
nascido em Marseille
no dia 4 de setembro de 1896,
eu sou Satã e eu sou Deus,
e pouco me importa a Virgem Maria.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Cantigas de invencionices permeiam o meu peito
Este urra, retumba, ecoa, parindo sentimentos
que dançam ao som dessas canções
Minhas costelas vibram com cada nota
Eis que torno-me escrava desse parimento
intermitente, convulso, incontrolável.

Já não caibo mais em mim...
Também quero virar canção
viajar junto ao vento
sorrir em cada rodopio
florear entranhas
sussurrar poesia em cada esquina.

Michele de Assis

O Noivo

Noivo de minha solidão espreito a um outro dia

Querendo ser mais do que ser, quero agonizar no gozo

O gozo da fortuna, do acaso, daquilo que ainda não é

Do que sou.


Gosto de ter entre os dedos a mais impura das águas

Aquela que desce dos céus de uma selva irrazoável, humana

Toda cidade me traz ao peito a angustia de minha solidão possível

Da minha companhia maculada, da TV que não assisto

Do que poderia ser aquele que não sou.


Quero saber da minha alma que anda perdida em meio às saias

Saias que pertencem às namoradas que não tive

E não tive por que não quis, nosso tempo foi adiado

Adiado pela comoção de uma poesia vadia, sem rumo


Vago em desvarios, como se não fosse pra ser

Mas é, e por ser já merece as reverências

Todas prestadas por quem não conhece o que conheço

Pelo que há de vário em ser

E pelo que há de absoluto em não ser.



Victor Azevedo

domingo, 2 de novembro de 2008

The Virgin of the Rocks , Da Vinci (novembro de 2008

As Águas do Rio (poema do mês de novembro de 2008)



As Águas do Rio

Bertolt Brecht*

Por mais que olhes o rio
Que corre pesadamente diante de ti,
Nunca verás as mesmas águas.
Nunca regressa a água que passa.
Nem uma só gota
Volta à sua nascente.


*Nascido Eugen Berthold Friedrich Brecht na Baviera, Brecht estudou Medicina e trabalhou como enfermeiro num hospital em Munique durante a Primeira Guerra Mundial. Filho da burguesia, sofreu, como todos em seu país, a sensação de desolamento de encarar um país completamente destruído pela guerra.

Depois da guerra mudou-se para Berlim, onde o influente crítico, Herbert Ihering, chamou-lhe a atenção para a apetência do público pelo teatro moderno. Já em Munique, as suas primeiras peças (Baal (1918/1926) "Tambores na Noite" Trommeln in der Nacht(1918-1920) ) foram levadas ao palco e Brecht conheceu Erich Engel com quem veio a trabalhar até ao fim da sua vida. Em Berlim, a peça Im Dickicht der Städte, protagonizado por Fritz Kortner e dirigido por Engel, tornou-se o seu primeiro sucesso. (wikipedia)

Leia mais

sábado, 25 de outubro de 2008

Negro Amor

Música de Bob Dylan ( "It's all over now (baby blue)"), versão em português de Caetano Veloso e interpretação dos Engenheiros do Hawaii. Muito bom

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Central Park West - John Coltrane


Eu nunca foi fã de Jazz, tenho de confessar. Mas após esta música tive de rever meus conceitos.
Sobre Coltrane: John William Coltrane (kōl'trān) - (Hamlet, Carolina do Norte, 23 de setembro de 1926 — Long Island, Nova Iorque, 17 de julho de 1967) foi um saxofonista e compositor de jazz norte-americano, comumente considerado pela crítica especializada como o maior sax tenor do jazz e um dos maiores jazzistas e compositores deste gênero de todos os tempos. Sua influência no mundo da música ultrapassa os limites do jazz, indo desde o rock até a música erudita. leia mais (fonte: Wikipedia).

Clique Aqui para baixar a música.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Fado


De meu fado farsante tal qual minha natureza enfadonha
Sonho com minha alma transfigurada em corpo
De subjetividade afinada em minha fome de objetividade
Causo sentir em caos de palavra arrebatada
De paixão em eclipse com revigorada mortificação
Faço de mim o feixe de lenha, ardente inação

Do cais mortuário ao porto secular
De minha morte acesa à luz de um grandiloqüente penar
Faço de minha mortalha a vívida miríade do pensar
Julgar de mim mesmo, passado e futuro ao presente que não é
Ao mundano que se oculte sob os lívidos fulgores de estar.


Poema - Victor Azevedo
Tela - Caravaggio

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Um Dalí nunca é demais

Como já dizia o velho Proudhon...


Sobre a experiência que ele, Pierre Joseph Proudhon, viveu como representante popular na Assembléia Nacional francesa.

"É preciso ter vivido neste isolador que se chama uma Assembléia Nacional para conceber como os homens que ignoram mais completamente o estado de um país são quase sempre aqueles que o representam."

sábado, 4 de outubro de 2008

Eleições 2008: "Esolha seu próximo algoz ou diga não a todos eles"


"Temos guardado um silêncio bastante parecido com a estupidez"
Eduardo Galeano

Estava pensando outro dia sabem...
Vocês sabiam que uma grande parte do congresso brasileiro é composta por grandes latifundiários, donos de universidades e empresários (ou representantes diretos destes)? Sendo assim, como podemos pensar em democracia? Porque, obviamente, a maioria da população brasileira não é proprietária de terras, etc, etc, não é mesmo?
Ou seja, o sistema político brasileiro não é nem um pouco democrático. Os interesses do estado não coincidem com os interesses da nação, ou do povo.
E, na minha opinião, votar é aprovar o sistema político vigente, e dar aval para essa farsa democrática. No fim das contas, é uma ditadura de uma minoria sobre a maioria do povo brasileiro, que nunca vê suas necessidades atendidas. E quem pode mudar isso além de nós mesmos?
Sabem, já repararam em como a mídia faz questão de colocar a culpa do fracasso e da corrupção da política brasileira na população? É a velha estória, a política vai mal por que o povo não vota com consciência. E isso é simplesmente absurdo. Seria bacana se o mesmo jornal nacional que proclama o “voto consciente”, definisse o que esta entidade metafísica significa. Talvez, seja apenas uma quimera...
A própria estrutura político partidária do país não permite que se vote conscientemente
A população não tem o menor controle sobre a política, não tem informação.
A propaganda eleitoral resume-se a seu próprio nome: “propaganda”. O principal objetivo é vender. E hoje em dia nem sequer querem vender uma ideologia, agora nos enfiam goela abaixo uma imagem tão vazia quanto uma novela das 8 . Um desfile de personagens exóticos que proclamam utopias e reformas, sem chegar a questionar acerca de quais são as demandas de maior prioridade, quais os problemas e, principalmente, qual a origem dos problemas. A propaganda eleitoral deveria deixar de ser propaganda. A política do país tem de deixar de ser tratada como mercadoria.
Enquanto me é vedada a possibilidade de votar conscientemente, fico com a única opção plausível para uma coerência trágica que julgo, talvez sem razão, ter: anular o meu voto e manifestar minha total descrença em um sistema político em que as decisões dos representantes do país são geralmente destinadas ao privilégio de uma minoria abastada, mais de estupidez do que propriamente de riquezas, em detrimento do resto, que enquanto não começar a gritar, continuará sendo o “resto”, apesar de ser a maioria, e a maioria, quando acorda, é capaz de mudar.

Poema do mês de outubro de 2008: A Dança


A Dança

Houve um tempo em que a vida dava-me um tapinha nas costas
E dizia: - vede este lugar maravilhoso? Eis o teu mundo.
Hoje a vida continua a dar-me um tapinha nas costas
Dizendo: - vede este lugar estranho e inóspito? Eis o teu mundo.
Ai de mim!
Por que é tenho cada vez mais pesar de ter que ir embora?

Obs: um poema meu, por que não?

Imagem do mês de outubro de 2008


Dia da flor de Diego Rivera, mais uma voz da américa...

domingo, 28 de setembro de 2008

À Sanidade - Pedro Corgozinho

Me pergunto se as pessoas com as quais convivi estão perdendo a humanidade, ou se sou eu quem o fiz, ou ainda se nenhum de nós nunca a teve e agora alguns de nós conquistam alguma subjetividade - a custo de muito sofrimento, claro. A subjetividade custa muito, muito mesmo. Normalmente ela custa a saúde de uma pessoa. Aliás, não deve ter sido sempre assim. Mas as coisas tem mudado com velocidade espantosa, e agora pelo menos é assim.
O fator humano está em falta. Não é fácil encarar o mundo de forma humana, ñão este mundo, pois se terá que engolir que o outro é de carne e osso e sofre e sente dor e morre, etc. Se já não é fácil viver sabendo-se humano, talvez seja aind amais difícil saber o outro humano. E isso tem muito que ver com a distância na qual vivemos.
Não nos enganemos, não brinquemos a respeito: a única distancia real é a desigualdade social, é a base material, é de ordem socio-economica. É por esta distância que estamos condenados a viver a sós, é esta a distância que se abateu sobre nós. Não que entre alguns de nós haja esta diferença, não, a maioria de nós tem base material parecidíssima. O fato é que a desigualdade social presente efetivamente, realmente, objetivamente no mundo (todos esses adjetivos e ainda há quem duvide, há quem recorra a idealismos capazes de colocar em dúvida a base material, capazes de especular sobre o capital e seu poder, enfim, é uma tristeza a leseira do mundo), ela basta para que todo o resto trunque. A sanidade é uma tarefa: é a tarefa de minimizar os efeitos dessa desigualdade nas nossas vidas. Ora, mas fazê-lo individualmente NÃO SIGNIFICA ABSOLUTAMENTE NADA, exatamente porque a diferença social não é subjetiva, não é um dado de um individuo, mas é dada por uma relação entre os individuos e, como tal, só uma relação entre indivíduos pode ter algum poder subversivo contra ela.
Não estou propondo uma militância, não estou fazendo um convite à comunhão de nossas vidas, não estou propondo que vivamos estéticas de grupo ou ainda que tentemos reviver movimentos lesados do passado, como pode parecer sugerir o assunto desse e-mail. Estou apenas considerando que a sanidade é uma tarefa. Que é uma tarefa difícil, que é ridículo pensar em sanidade individual, que solidão não "significa nada de significativo", ainda que estejamos todos vivendo pateticamente sozinhos e dessa condição não consiguimos escapar. A sanidade é uma tarefa que talvez dependa de uma mudança radical na ordem material das coisas. A sanidade é uma tarefa que eu não posso levar a cabo sozinho, que todos nós vivendo juntos não poderemos realizar, enfim: A sanidade é uma tarefa complicadíssima e eu espero que nessa altura da vida nenhum de vocês esteja pensando que vive dignamente ou de forma legitimamente humana; que nenhum de nós recaia nessas leseiras incríveis de querer ser ataraxicos, de suspender o juízo sobre a condição real e pateticamente miserável de nossas vidas, de achar que a cerveja e o beque sagrados são fumaça e sangue divinos da redenção individual ou coletiva. Espero que cada um de nós esteja sabendo de como estamos inseridos no ridículo de ser-quase-humano, que estamos constrangidos pelas condições reais materiais do mundo, PELA FALIBILIDADE DA CARNE, pela nossa incapacidade de levar a cabo a tarefa da sanidade e emancipar-nos a nós mesmos, visto que tal emancipação depende da emancipação de todo mundo, e não da emancipação do conforto de um apartamento, seja ele no centro, marajó, funcionários, santa efigenia, bom despacho, na puta-que-o-pariu. Que cada um de nós saiba que é feio, que o outro é feio, que é feio o mundo insano.
que ninguém confunda isso com um mea culpa, que ninguém seja cristão para além da conta. Se você ainda não apelou, está lendo até agora, saiba ainda que estou aliviado de estar dizendo tudo isso depois de uma grande garrafa de café e uma chuva maravilhosa que cai lá fora e mata mendigos de frio, resfriado. Que os ratos infectam a enxorrada na senzala do mundo.
Que a sanidade é uma tarefa!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

espirais


E essa é a música que amo:

*ESPIRAIS* Depois do céu tem outro céu
Ou nem o céu existe mais?
Será que o sol é de papel?
Será que as nuvens são de gás?
Se o mar começa noutro mar
Quem é que tira o sal do sal?
Antes do dia começar
A noite é quase imortal.

Se nada tem um fim
Quem é que fez o não?
Se a nossa vida quer assim.

Eu viajei no tempo só por você
E me perdi no final
Quando encontrei seu olhar.
Nossos destinos desenhando espirais
Eu entendi o sinal
Pelo seu jeito de rir pra mim

Se existe outra dimensão
Em que você não é você
Quem é que sabe a direção
Pra encontrar quem não se vê?
Se o tempo sempre tem razão
E tudo sempre vai mudar
Pra que manter os pés no chão
Se todo mundo quer voar?

Se nada tem um fim
Quem é que fez o não?
Se a nossa vida quer assim

Eu viajei no tempo só por você
E me perdi no final
Quando encontrei seu olhar
Nossos destinos desenhando espirais
Eu entendi o sinal
Pelo seu jeito de rir pra mim.

Apenasmente Morre


Só Freud explica.

Só Jesus Salva.

Só o homem peca.

Só a fome mata.

Só a ilusão alegra.

Só a solidão sufoca.

Só os mortos gritam.

Só a ciência prova.

Só a mentira é provável.

Só a loucura liberta.

Só a liberdade pesa.

Só o instante existe.

Só a existência é triste.

Só o tempo é humano.

Só a humanidade é tempo.

Só a humanidade é alma.

Só a alma morre.

Só o corpo é eterno.

Só a eternidade vale à pena.

Só a morte redime.

Só a dor desperta.

Só a loucura é sã.

Só a tragédia engrandece.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Pequeno Poema Didático - Mário Quintana (Poema de setembro de 2008)


O tempo é indivisível. Dize,
Qual o sentido do calendário?
Tombam as folhas e fica a árvore,
Contra o vento incerto e vário.

A vida é indivisível. Mesmo
A que se julga mais dispersa
E pertence a um eterno diálogo
A mais inconseqüente conversa.

Todos os poemas são um mesmo poema,
Todos os porres são o mesmo porre,
Não é de uma vez que se morre…
Todas as horas são horas extremas!

Para baixar o poema em áudio, na voz de Antônio Abujamra, clique aqui

domingo, 24 de agosto de 2008

A Cidade


Chega a noite, finda a guerra diária.

É preciso enterrar os mortos, a vida continua

Mais morta que nossos carros.

É hora de erguerem-se, ó sombras!

Mas há alguém que não dorme,

Alguém que, velando, mantêm o real.

Dormir é turvar a realidade,

É encontrar razão no não-ser.

Na noite, onde as leis falham,

Onde a quântica não chega,

Onde “deus está morto”,

Há um homem que vive,

Que chora e que ama

E que olha o mundo

Do alto de um edifício

Por uma janela escura.

Paul Gauguin


Apesar de nascido em Paris, Gauguin viveu os primeiros sete anos de sua vida em Lima, no Peru, para onde seus pais se mudaram após a chegada de Napoleão III ao poder. Seu pai pretendia trabalhar em um jornal da capital peruana e foi o idealizador da viagem. Porém, durante a longa e terrível viagem de navio acabou por ter complicações de saúde e faleceu. Assim, o futuro pintor desembarcou em Lima apenas com sua a mãe e irmã.

Quando voltou para sua cidade natal, França, em 1855, Gauguin estudou em Orléans e, aos 17 anos, ingressou na marinha mercante e correu o mundo. Trabalhou em seguida numa corretora de valores parisiense e, em 1873, casou-se com a dinamarquesa Mette Sophie Gad, com quem teve cinco filhos.

Aos 35 anos, após a quebra da Bolsa de Paris, tomou a decisão mais importante de sua vida: dedicar-se totalmente à pintura. Começou assim uma vida de viagens e boémia, que resultou numa produção artística singular e determinante das vanguardas do século XX. Ao contrário de muitos pintores, não se incorporou ao movimento impressionista da época. Expôs pela primeira vez em 1876. Mas não seria uma vida fácil, tendo atravessado dificuldades econômicas, problemas conjugais, privações e doenças.

Foi então para Copenhagen, onde acabou ocorrendo o rompimento de seu casamento.

Sua obra, longe de poder ser enquadrada em algum movimento, foi tão singular como a de seus amigos Van Gogh ou Paul Cézanne. Apesar disso, é verdade que teve seguidores e que pode ser considerado o fundador do grupo Les Nabis, que, mais do que um conceito artístico, representava uma forma de pensar a pintura como filosofia de vida.

Suas primeiras obras tentavam captar a simplicidade da vida no campo, algo que ele consegue com a aplicação arbitrária das cores, em oposição a qualquer naturalismo, como demonstra o seu famoso Cristo Amarelo. As cores se estendem planas e puras sobre a superfície, quase decorativamente.

O pintor parte para o Taiti, em busca de novos temas, para se libertar dos condicionamentos da Europa. Suas telas surgem carregadas da iconografia exótica do lugar, e não faltam cenas que mostram um erotismo natural, fruto, segundo conhecidos do pintor, de sua paixão pelas nativas. A cor adquire mais preponderância representada pelos vermelhos intensos, amarelos, verdes e violetas.

Morou durante algum tempo em Pont-Aven, na Bretanha, onde sua arte amadureceu. Posteriormente, morou no sul da França, onde conviveu com Vincent van Gogh. Numa viagem à Martinica, em 1887, Gauguin passou a renegar o impressionismo e a empreender o "retorno ao princípio", ou seja, à arte primitivista.

Tinha idéia de voltar ao Taiti, porém não dispunha de recursos financeiros. Com o auxílio de amigos, também artistas, organizou um grande leilão de suas obras. Colocou à venda cerca de 40 peças. A maioria foi comprada pelos próprios amigos de Gauguin, como por exemplo Theo Van Gogh, irmão de Vincent van Gogh, que trabalhava para a Casa Goupil (importante estabelecimento que trabalhava com obras de arte).

Mesmo conseguindo menos de 3 mil francos, em meados de 1891 regressou ao Taiti, onde pintou cerca de uma centena de quadros sobre tipos indígenas, como "Vahiné no te tiare" ("A moça com a flor") e "Mulheres de Taiti", além de executar inúmeras esculturas e escrever um livro, Noa noa.

Quando voltou a Paris, realizou uma exposição individual na galeria de Durand-Ruel, voltou ao Taiti, mas fixou-se definitivamente na ilha Dominique. Nessa fase, criou algumas de suas obras mais importantes, como "De onde viemos? O que somos? Para onde vamos?", uma tela enorme que sintetiza toda sua pintura, realizada antes de uma frustrada tentativa de suicídio utilizando arsênio.

Em setembro de 1901, transferiu-se para a ilha Hiva Oa, uma das Ilhas Marquesas, onde veio a falecer de sífilis. Fonte (http://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Gauguin)

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Sórdido Ser


Morreu o poeta que tão pouco fez.

Acabou-se o homem, e a sua altivez.

Criou-se o mito, derramou-se o pranto.

Agora veneram-no. Morto, no entanto.

Bob Dylan (Song to Woody)



Uma bela canção dedicada a Woody Guthrie,principal influência de Dylan e um dos gigantes do folk. Uma música simplesmente linda.
Clique aqui para baixar

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Poema Dedicado A Tudo o Que É Sujo


As bananas da Guatemala não são mais

Que a expressão da dor latino-americana.

Como diria o poeta: “Confesso que vivi”.

As bananas são daqui.

E eu, infelizmente sou outro.

E meu coração não suporta mais.

A dor, a dor, a dor da ausência de encanto!

Rogo a Deus que me faça crer Nele!

Comemoro a vida bebendo-a num trago impossível.

Num banquete de merda, um banquete de pura merda.

Assim, deliciar-me-ei.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Releitura (Poema que versa sobre O poema)


Versos fortes sobre um papel frágil,

A caligrafia trêmula regida por uma mão hesitante.

Sob meus olhos, então: um poema. Poema?

Tabacaria não é um poema, é uma vida.

Como pôde Campos não se consumir nessa obra?

Como pôde ser tão forte?

Releio com atenção cada verso.

É uma vida.

A poesia não suporta mais tal grandeza.

Versos capazes de dilacerar.

Por fim fecho o livro e vou até a janela:

Ninguém acena para mim,

Meu universo não se reconstrói.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Bach - Concerto de Brandenburgo Nº1, 2º Movimento


Bach, mais uma vez Bach, segundo movimento do primeiro concerto de Brandenburgo.
Clique Aqui para baixar.

Sobre os Homens


Canto, por meio de uma voz emancipada,

Canções que dizem que não existo.

Tudo o que faço (ou penso fazer?),

Já não faz parte de mim.

“Que sou eu então?”,

A poesia pergunta.

A realidade se cala e olha para o chão.

Tudo o que nos forma já não é nosso.

As vozes emancipadas se calam

Ao chegar ao fundo do frio abismo do silêncio.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008


É com a verdade que tu sonhas menina?

É da verdade que tu dizes tais palavras?

Estás certa que não é de um sonho?

Não seria onírico o teu precioso mundo,

De verdade ocultada por uma sombra de transcendência

Onde os homens se freqüentam por serem simplesmente o que são,

E por nenhuma outra verdade mundana,

Por nenhum outro comércio de idéias?


É menina, eu já a algum tempo já não me faço outra coisa a não ser suicidar-me

Pela dor que, de ser homem se transforma em mercadoria

Por acaso seria do mesmo pão de que se alimentam lebre e lobo?

Por acaso seria o mesmo o papel do rei e do bobo?


Mas, é com infelicidade que digo,

Que há de existir sempre bobos

Que as lebres valerão menos que lobos,

E que homem há de sempre ser uma mercadoria,

Uma mercadoria metafisicamente simples.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Incandescente Desejo


Quisera eu descrever ti em um poema.
Pois sei que palavras me faltariam para descrever tal obra de arte.
Pois tu és um poema em pessoa com toda graça e formosura.
Vós domastes o meu coração, tu foste à loucura da minha inspiração.
Sonhei com o teu belo olhar sereno quão belo como o luar que paira sobre o mar.
Sonhei com a tua voz marcante, que ecoa no meu peito a todo estante.
Sonhei com o teu rosto que minha mente nunca será apagado.
Sonhei com o teu corpo que por mim sempre será desejado.


***


Quisera eu, meu anjo te re-desenhar em luas novas de Sodoma.
Enlaçar-te em meus braços como um fulgaz sentido.
De um sonho já vivido em um pleno amor correspondido.
Onde o teu olhar me evoca a te amar por duas vidas passadas a mais.
Contemplar tua face resplandecente do veneno da paixão
Desejar teus beijos em sede de necessitar de tua vida a me completar
Cultuar teu corpo pela luxuria cega de te desejar por inteiro
Amar-te em um simples sentido de ser humana e anjo por ser tua.

***
Por Marcelo Bastos & Sophia de La Boetie

O Poema do Mês, "Tabacaria", em áudio


Para quem quiser conferir o poema tabacaria em áudio mp3, na inconfundível voz de Antônio Abujamra.
Clique Aqui para baixar.

domingo, 3 de agosto de 2008

Transe


Dedicado a Glauber Rocha e sua

Solitária alma inquieta.

No alto desta noite escura e triste

Estendo meu frágil corpo

Sob um luar disperso em nuvens negras.

Bebo inconstância nas amargas fontes da razão

E me entrego à incerteza do tudo e do nada.

Adormeço e acordo mil vezes a cada segundo

Sem perceber a fria ausência da morte em mim,

Perdôo-me por não pensar a ausente e parto enfim,

Para afogar-me no solitário transe das almas inquietas.

sábado, 2 de agosto de 2008

DESVELAR DA LIBERDADE

A metonimia dos conceitos,
É como brumas na visão,
Para aqueles que respeitam,
A diferença de opinião!

Haverá ação que independa de conceitos?...
Ou ainda, uma razão desprovida de sentimentos?...

Se tudo é possivel...por quê há possivel impossivel?...
Se tudo é impossivel...por quê há impossivel possivel?...

E as leis...para quê servem?...
Se há particularidades que os contrapõem!
E as particularidaes...para quê servem?
Se há leis que os diminuem!

Não me arrisco a afirmar...
Nem aceitar afirmações...
Pois, é a questão referencial que indicará as conclusões!

Só ouso refletir...se o saber é o não-saber...
Ou , se o saber é muitas vezes o dessaber desse saber!

quinta-feira, 31 de julho de 2008

O Eterno (poema para um filho)


O grande problema dos homens
É querer sempre a eternidade,
Porém essa busca vã se transforma
Na obsessão pelo tempo, pelo imortal.
Eternizar, pelo contrário, não é suspender o tempo
E sequer pensar nele?
Uma criança se faz eterna em cada sorriso.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

A 5ª Sinfonia, segundo movimento.


Já postei o primeiro e agora posto o segundo movimento da 5ª sinfonia de Gustav Mahler. É só baixar e deliciar-se.
Clique aqui para baixar

O Imortal


"Tu tens um medo:
Acabar"
Cecília Meireles


O que leva a alma à imortalidade,

Se de tudo, é ela o que há de mais mortal?

Este sonho de um viver eterno que atraí e destrói a beleza,

E que faz nascer do sonho a obsessão.

Se nasci da ordem pra viver o caos,

Do caos farei bálsamo para o meu viver.

Não repousarei minha alma no perfeito ou no eterno.

Quero vê-la perecer com meu corpo, viver a meu lado.

Eu a quero em mim, não no imortal.

Viver comigo mesmo até o fim, e terminar juntos.

Nascemos para o fim.

Seremos enterrados na vala comum dos mortais,

Para talvez sermos os deuses do porvir.


sábado, 26 de julho de 2008

Nietzsche (Um Poema)


E se tem que ser a desgraça,

Pois que seja!

Se tiveres de amar o diabo,

Ama-o!

Se a loucura é incapaz de salvar,

Abraça-a!

E se um dia descobrires que tudo foi vão,

Peças tudo outra vez!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Não há razão para se ter razão!


Não, não há razão para se ter razão.
A verdade não existe.
Há verdade no nada.
O tempo: leve inconveniente.
A vida: acidente.
O homem: solidão.
Não sobrevivemos à própria razão.

terça-feira, 22 de julho de 2008

À MARX



CONCLUIR UM RACIOCINIO,
IMPONDO CONDIÇÕES,
LIMITA A HIPÓTESE,
EM IMENSAS PROPORÇÕES!

SILOGISMOS À PARTE,
DEDUÇÃO OU INDUÇÃO...
O QUE IMPORTA AGORA,
É ANALISAR A ARGUMENTAÇÃO!

“A SOCIEDADE É CONSTITUIDA DE CLASSES COM INTERESSES ANTAGÔNICOS, IMPOSSIBILITANDO ASSIM, O OBJETIVO DO ESTADO_ O BEM COMUM!”

É O QUE DIZES...

DE FATO,
A SOCIEDADE É CONSTITUIDA DE CLASSES!
DE FATO,
HÁ INTERESSES ANTAGÔNICOS PERTINENTES!

MAS IMPOSSIBILITAR A EXISTÊNCIA DO BEM COMUM POR ESSA CONDIÇÃO,
É PEGAR UMA CONJECTURA E TOMÁ-LA COMO FATO...
SEM AO MENOS CONSIDERAR O UNIVERSO QUE HÁ DA MESMA!

POR EXEMPLO;
A RELAÇÃO PATRÃO E EMPREGADO,
CLASSES OPOSTAS! INTERESSES ANTAGÔNICOS!
NO ENTANTO, SUPRIMENTO DAS NECESSIDADES ENTRE AS PARTES!
DE TAL FORMA,
QUE HÁ A MANUTENÇÃO DESSA RELAÇÃO!

DE CERTA FORMA...
UM BEM COMUM!
ESTABELECIDO E MANTIDO,
POR UMA RELAÇÃO COOPERATIVA!

LOGO,
NO UNIVERSO DAS POSSIBILIDADES HIPOTÉTICAS...
HÁ A EXISTÊNCIA DE ALTERNATIVAS VIAVÉIS AO BEM COMUM!

POR ISSO,
CONDICIONAR-SE A UMA PREVISÃO DOS FATOS,
BASEANDO-SE NUMA HIPÓTESE OU,
EM CONHECIMENTOS PASSIVEIS DE REFUTAÇÃO E VALIDAÇÃO...

É O MESMO QUE IGNORAR A PROBABILIDADE,
E O PORQUÊ DAS DETERMINAÇÕES!

ASSIM SENDO...
EXPLICITO O MEU ESTILO!




domingo, 20 de julho de 2008

Concerto de Brandenburgo Nº1, Primeiro Movimento


É sempre bom um pouco de Bach.
Para Baixar a música clique aqui

As flores do campo.


As flores não gostam mais de mim.

Quem me dera que a vida fosse assim.

Se elas voltassem para o meu jardim.

Meu campo cheiraria a perfume de jasmim.

Ah, as flores!

Quem me dera!

Se elas voltassem para mim

Como a brisa da tarde,

Campos de verdes ares

Campos de jasmim.

Há se voltassem para o meu jardim

Flores do campo

Flores do meu jardim.






Por. Marcelo Bastos

Difícil acompanhar o tempo

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." (F. Pessoa)



À ventura -ou não- de estar perto a mudança
Vai o tempo. Acelerado, nervoso, desesperado
Estremeço. Pulsa forte o presente órgão
Onde passeia esse líquido rubro
E circula com pressa - feito o tempo

O tempo voa. Difícil acompanhar
Não tenho asas para lançar vôo
Então é apenas correr. Difícil
Não sei a direção do tempo
E o vento em nada me ajuda
Prefere fazer dançar as árvores
Que assim, descartam suas folhas antigas
Será isso mais um indício de que devo correr?
Mas me contento ao ver suas folhas voarem
Não deviam descer ao chão. Deviam subir ao céu
E lá ficar. Como a lua.

Encara a lua! Vê seu lugar celeste?
Há dez minutos ela se encontrava ali! E não ali!
Até a lua muda. E prossegue. E me encanta
Se eu tivesse essa visão por mais tempo...
Mas a lua é fascinada por suas inconstâncias
E de nada a importa o tempo que é meu
Então veja só como as nuvens a cobrem!
E indicam que o tempo faz tudo mudar
E indicam que o tempo será de chuva
E ainda eu aqui. De cabeça erguida
Que espero? Uma atitude chula para a ação?
Ou a primeira gota de chuva?

sábado, 19 de julho de 2008

NÃO-SARTRE


organolépticas são as sensações inúteis do pensar!!o que importa a metafísica diante da relatividade?física quântica? biofísica? ou a fisica adicionado ao silogismo aristotélico?...nada!!! ou talvez...um conjunto vazio com ares de inexistência!!apenas não me venham com filosofias abstratas existêncialistas!pois, numa mera argumentação lógica...há de se desvelar inválida!! ou...além da dedução,falsa!fale-me de darwin!!mas com uma superioridade materialista mais concreta...como a de einstein!!não me venham com conjecturas pré concebidas de validade,pois nenhum conceito há de valer apena!se não.. não seria conceito!!me venham com todas as hipóteses além das validadas,pois, esta é temporal,condicionada pela competência ou incompetência do "hipotetizador"!!venham-me com verdades independentes de referenciais,atemporal,incondicional...inexistente!!

Meu amor!


Queria poder te ver poder segurar suas mãos, te abraçar.
Mostra o que sinto.
Sei que surgiu em uma maneira inusitada um pouco atrapalhada talvez.
Mais o amor não escolhe como e nem por onde vem.
Você surgiu de repente na minha frente bem na hora que eu procurava alguém para me apoiar, alguém que não deixasse eu cair.
Na hora você foi o meu anjo iluminado, você foi alguém que meu olhar fico cristalizado.
Já mais quero te magoar já mais vou te fazer chora. se um dia você chora que seja de alegria.
Quero te fazer feliz, realizada.
Quero ser feliz ao teu lado. mais isso com certeza serei.
Quero ser aquele bobo que te olha dormir e ao amanhecer te dar um beijo de bom dia.
Quando você apareceu parecia um sonho o meu coração disparava a cada palavra que saia da tua boca.
Hoje não tenho palavras para expressar o que sinto por você.
Não vou dizer que é amor, não.
Não vou dizer,se você não quiser, eu não digo.
Também não vou dizer que esse amor é um amor puro e verdadeiro, um amor que não tem cura e o único modo deu continuar vivendo é ficando ao seu lado.
Há momentos na vida que percebemos como o mundo é pequeno e que temos nas mãos um mundo que não tem tamanho o mundo que só eu e você somos os habitantes.
Amor.
Palavra tão curta e de sentimento tão profundo que nos faz se render. Nesse momento estou pensando.
Será que um dia vou poder te dar esse amor que sinto?
Eu não vou medir esforços para que um dia esse amor seja seu somente seu.
Meu amor.

Por que Arte?


Um amigo pergunta:
-Por que arte? Dá dinheiro?
Respondo:
-Por que viver? Dá dinheiro?
-Por que dinheiro? Dá eternidade?
-Fico com a arte.

Por que Arte?

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Artefatos Artístico-Antropológicos


(dedicado à loucura lúcida de Antonin Artaud)

FARÁ FRIO HOJE.
ESTAREI ESPERANDO.
ESTAREI ESCREVENDO.
ESTAREI SURDO PARA O MUNDO.
ESTAREI CEGO PARA A VIDA.
ESTAREI VIVO PARA A MORTE.
ESTAREI ESTRAGADO E BELO.
ESTAREI SUCO E REFRIGERANTE.
ESTAREI BADOU.
ESTAREI MORIBUNDO.
ESTAREI O CONTRÁRIO DE TUDO.
ESTAREI AS COISAS.
ESTAREI FRIO.
ESTAREI DEUS E O DIABO.
ESTAREI NO CÁUCASO.
ESTAREI NO CÉU.
ESTAREI NUM FILME.
ESTAREI VOLTAIRE.
ESTAREI ARTAUD.

.....


Brasil? O que é Brasil? Latino-americano sempre, país rico. Pergunto-me se não sonho. O Brasil está crescendo a "x" por cento, o índice de desemprego caiu "y" por cento, as crianças estão nas escolas, a inflação está controlada. Eles falam do meu Brasil? Não, deve ser o outro, o Brazil. Este sim deve andar de vento em poupa: grande exportador ( de matéria prima barata), país do futuro (um futuro de dependência). No Brasil em que eu vivo, sim, esse mesmo, o com "s", o desemprego não está diminuindo, não vejo nenhum sinal de crescimento e a inflação não sei, dizem que está controlada, acredito (quem sou eu pra discutir? Não sou economista, e, para eles, economia é ciência exata), porém não me podem convencer de que a cada vez que vou ao super-mercado ou à padaria, gasto o mesmo, ou menos dinheiro, a cada semestre a passagem de ônibus permanece a mesma ou diminui, e a cada ano a esperança aumenta, mais e mais.
Sim, esse Brasil, para mim, não é a democracia que sempre me dizem que é. Eu, pelo menos, não me sinto representado, e duvido que a grande massa de "zés-ninguéns" como eu se sinta. Democracia representativa? Concordo, ela representa muito bem as minorias abastadas que a tem nas mãos, representa os grandes latifundiários, os interesses do capital estrangeiro e o imperialismo (ops, essa palavra não existe mais, afinal caiu o muro de Berlim. É melhor dizer a "benevolência") do norte. Esta nossa democracia representativa, representa os nossos grandes benfeitores banqueiros que nos brindam a cada dia com o crescimento exponencial de seus lucros.
No último dos milhões de escândalos de fraude nos cofres públicos, vi uma notícia no jornal sobre o banqueiro simpático chamado alguma coisa Dantas que foi preso (que injustiça) por que participou de lavagem de dinheiro, fraude , enriquecimento ilícito, etc, etc, etc, etc, ela era "acusado", nada mais que "acusado" ( e provavelmente a história o ira inocentar) de ter feito tudo isso. Mas não, não fez. Estranho ver na tv, que a esposa do dito cidadão, que não possuia renda declarada, tinha investimentos de dezenas de milhões.... Dinheiro honesto, é claro. Por que eles fazem sempre questão de me dizer que o Brazil é um país onde as elites são honestas e incorruptíveis, e o povo não presta e é criminoso. Esse é o Brazil deles. O meu, um outro.

Venha à Poesia


Onde estou

Agora cá estou

Só eu estou

E ninguém tasca

O passo que dou

Não repito exato

E se re-encaixo

O relógio afasta


Lugar e hora não mais cabíveis o fugás agora

Já é só memória

A sensação (seria sensação?)

Tecido deste molde que ofereço às visitas

Desafiando tempo, espaço, tecnolgia

Venha à Poesia...


Guido Manoel

Adios Nonino (Piazzola em sua obra-prima)


Resolvo postar aqui uma música do Piazzolla, uma das mais lindas, Adios Nonino. Piazzolla talvez tenha sido um dos melhores músicos que o século XX produziu. Inovador e clássico, música argentina e universal.
Clique aqui para baixar.