quinta-feira, 28 de agosto de 2008
domingo, 24 de agosto de 2008
A Cidade
Chega a noite, finda a guerra diária.
É preciso enterrar os mortos, a vida continua
Mais morta que nossos carros.
É hora de erguerem-se, ó sombras!
Mas há alguém que não dorme,
Alguém que, velando, mantêm o real.
Dormir é turvar a realidade,
É encontrar razão no não-ser.
Na noite, onde as leis falham,
Onde a quântica não chega,
Onde “deus está morto”,
Há um homem que vive,
Que chora e que ama
E que olha o mundo
Do alto de um edifício
Por uma janela escura.
Paul Gauguin
Apesar de nascido em Paris, Gauguin viveu os primeiros sete anos de sua vida em Lima, no Peru, para onde seus pais se mudaram após a chegada de Napoleão III ao poder. Seu pai pretendia trabalhar em um jornal da capital peruana e foi o idealizador da viagem. Porém, durante a longa e terrível viagem de navio acabou por ter complicações de saúde e faleceu. Assim, o futuro pintor desembarcou em Lima apenas com sua a mãe e irmã.
Quando voltou para sua cidade natal, França, em 1855, Gauguin estudou em Orléans e, aos 17 anos, ingressou na marinha mercante e correu o mundo. Trabalhou em seguida numa corretora de valores parisiense e, em 1873, casou-se com a dinamarquesa Mette Sophie Gad, com quem teve cinco filhos.
Aos 35 anos, após a quebra da Bolsa de Paris, tomou a decisão mais importante de sua vida: dedicar-se totalmente à pintura. Começou assim uma vida de viagens e boémia, que resultou numa produção artística singular e determinante das vanguardas do século XX. Ao contrário de muitos pintores, não se incorporou ao movimento impressionista da época. Expôs pela primeira vez em 1876. Mas não seria uma vida fácil, tendo atravessado dificuldades econômicas, problemas conjugais, privações e doenças.
Foi então para Copenhagen, onde acabou ocorrendo o rompimento de seu casamento.
Sua obra, longe de poder ser enquadrada em algum movimento, foi tão singular como a de seus amigos Van Gogh ou Paul Cézanne. Apesar disso, é verdade que teve seguidores e que pode ser considerado o fundador do grupo Les Nabis, que, mais do que um conceito artístico, representava uma forma de pensar a pintura como filosofia de vida.
Suas primeiras obras tentavam captar a simplicidade da vida no campo, algo que ele consegue com a aplicação arbitrária das cores, em oposição a qualquer naturalismo, como demonstra o seu famoso Cristo Amarelo. As cores se estendem planas e puras sobre a superfície, quase decorativamente.
O pintor parte para o Taiti, em busca de novos temas, para se libertar dos condicionamentos da Europa. Suas telas surgem carregadas da iconografia exótica do lugar, e não faltam cenas que mostram um erotismo natural, fruto, segundo conhecidos do pintor, de sua paixão pelas nativas. A cor adquire mais preponderância representada pelos vermelhos intensos, amarelos, verdes e violetas.
Morou durante algum tempo em Pont-Aven, na Bretanha, onde sua arte amadureceu. Posteriormente, morou no sul da França, onde conviveu com Vincent van Gogh. Numa viagem à Martinica, em 1887, Gauguin passou a renegar o impressionismo e a empreender o "retorno ao princípio", ou seja, à arte primitivista.
Tinha idéia de voltar ao Taiti, porém não dispunha de recursos financeiros. Com o auxílio de amigos, também artistas, organizou um grande leilão de suas obras. Colocou à venda cerca de 40 peças. A maioria foi comprada pelos próprios amigos de Gauguin, como por exemplo Theo Van Gogh, irmão de Vincent van Gogh, que trabalhava para a Casa Goupil (importante estabelecimento que trabalhava com obras de arte).
Mesmo conseguindo menos de 3 mil francos, em meados de 1891 regressou ao Taiti, onde pintou cerca de uma centena de quadros sobre tipos indígenas, como "Vahiné no te tiare" ("A moça com a flor") e "Mulheres de Taiti", além de executar inúmeras esculturas e escrever um livro, Noa noa.
Quando voltou a Paris, realizou uma exposição individual na galeria de Durand-Ruel, voltou ao Taiti, mas fixou-se definitivamente na ilha Dominique. Nessa fase, criou algumas de suas obras mais importantes, como "De onde viemos? O que somos? Para onde vamos?", uma tela enorme que sintetiza toda sua pintura, realizada antes de uma frustrada tentativa de suicídio utilizando arsênio.
Em setembro de 1901, transferiu-se para a ilha Hiva Oa, uma das Ilhas Marquesas, onde veio a falecer de sífilis. Fonte (http://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Gauguin)
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Sórdido Ser
Bob Dylan (Song to Woody)
Uma bela canção dedicada a Woody Guthrie,principal influência de Dylan e um dos gigantes do folk. Uma música simplesmente linda.
Clique aqui para baixar
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Poema Dedicado A Tudo o Que É Sujo
As bananas da Guatemala não são mais
Que a expressão da dor latino-americana.
Como diria o poeta: “Confesso que vivi”.
As bananas são daqui.
E eu, infelizmente sou outro.
E meu coração não suporta mais.
A dor, a dor, a dor da ausência de encanto!
Rogo a Deus que me faça crer Nele!
Comemoro a vida bebendo-a num trago impossível.
Num banquete de merda, um banquete de pura merda.
Assim, deliciar-me-ei.
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Releitura (Poema que versa sobre O poema)
Versos fortes sobre um papel frágil,
A caligrafia trêmula regida por uma mão hesitante.
Sob meus olhos, então: um poema. Poema?
Tabacaria não é um poema, é uma vida.
Como pôde Campos não se consumir nessa obra?
Como pôde ser tão forte?
Releio com atenção cada verso.
É uma vida.
A poesia não suporta mais tal grandeza.
Versos capazes de dilacerar.
Por fim fecho o livro e vou até a janela:
Ninguém acena para mim,
Meu universo não se reconstrói.
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Bach - Concerto de Brandenburgo Nº1, 2º Movimento
Bach, mais uma vez Bach, segundo movimento do primeiro concerto de Brandenburgo.
Clique Aqui para baixar.
Sobre os Homens
Canto, por meio de uma voz emancipada,
Canções que dizem que não existo.
Tudo o que faço (ou penso fazer?),
Já não faz parte de mim.
“Que sou eu então?”,
A poesia pergunta.
A realidade se cala e olha para o chão.
Tudo o que nos forma já não é nosso.
As vozes emancipadas se calam
Ao chegar ao fundo do frio abismo do silêncio.
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
É com a verdade que tu sonhas menina?
É da verdade que tu dizes tais palavras?
Estás certa que não é de um sonho?
Não seria onírico o teu precioso mundo,
De verdade ocultada por uma sombra de transcendência
Onde os homens se freqüentam por serem simplesmente o que são,
E por nenhuma outra verdade mundana,
Por nenhum outro comércio de idéias?
É menina, eu já a algum tempo já não me faço outra coisa a não ser suicidar-me
Pela dor que, de ser homem se transforma em mercadoria
Por acaso seria do mesmo pão de que se alimentam lebre e lobo?
Por acaso seria o mesmo o papel do rei e do bobo?
Mas, é com infelicidade que digo,
Que há de existir sempre bobos
Que as lebres valerão menos que lobos,
E que homem há de sempre ser uma mercadoria,
Uma mercadoria metafisicamente simples.
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Incandescente Desejo
Pois sei que palavras me faltariam para descrever tal obra de arte.
Pois tu és um poema em pessoa com toda graça e formosura.
Sonhei com a tua voz marcante, que ecoa no meu peito a todo estante.
***
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Por Marcelo Bastos & Sophia de La Boetie
O Poema do Mês, "Tabacaria", em áudio
Para quem quiser conferir o poema tabacaria em áudio mp3, na inconfundível voz de Antônio Abujamra.
Clique Aqui para baixar.
domingo, 3 de agosto de 2008
Transe
Dedicado a Glauber Rocha e sua
Solitária alma inquieta.
No alto desta noite escura e triste
Estendo meu frágil corpo
Sob um luar disperso em nuvens negras.
Bebo inconstância nas amargas fontes da razão
E me entrego à incerteza do tudo e do nada.
Adormeço e acordo mil vezes a cada segundo
Sem perceber a fria ausência da morte em mim,
Perdôo-me por não pensar a ausente e parto enfim,
Para afogar-me no solitário transe das almas inquietas.
sábado, 2 de agosto de 2008
DESVELAR DA LIBERDADE
É como brumas na visão,
Para aqueles que respeitam,
A diferença de opinião!
Haverá ação que independa de conceitos?...
Ou ainda, uma razão desprovida de sentimentos?...
Se tudo é possivel...por quê há possivel impossivel?...
Se tudo é impossivel...por quê há impossivel possivel?...
E as leis...para quê servem?...
Se há particularidades que os contrapõem!
E as particularidaes...para quê servem?
Se há leis que os diminuem!
Não me arrisco a afirmar...
Nem aceitar afirmações...
Pois, é a questão referencial que indicará as conclusões!
Só ouso refletir...se o saber é o não-saber...
Ou , se o saber é muitas vezes o dessaber desse saber!